“Diversões carnavalescas em Cinfães” (1945)

Desde o dia de S. Sebastião até terça-feira de Entrudo, os rapazes e raparigas, em todos os domingos, fazem seus bailes, em casa própria ou alugada para êsse fim; e, durante o baile, divertem-se, jogando o Carnaval.
Aqui é costume dizer-se: – «S. Sebastião, laranja na mão» – para significar que neste dia (20 de Janeiro) começam os folguedos do Entrudo, em que, antigamente, predominava a chapauzada de água fria, e o jôgo das laranjas, arremessadas, às vezes, com grande violência, entre os foliões que, em algumas destas pugnas, bem se molestavam, quando pretendiam divertir-se.
As antigas cavalhadas de fantasiados vão sendo substituídas por grupos grotescos de mascarados, a cujos grupos não falta o velho da moca, que é fortemente tosado, na sua descomunal corcunda, pelos seus companheiros de folia, armados de bexigas de porco, com grande algazarra dos circunstantes que assistem à brincadeira.
O velho, empunhando a moca, defende-se como pode: mas não consegue pôr em debandada o grupo dos bexigueiros, que de todo o lado o acometem, com notável destreza.

Manuel de Castro Pinto Bravo

BRAVO, Manuel de Castro Pinto – Diversões carnavalescas em Cinfães. Douro Litoral, n.º 3    (1945), p. 58

About the author

Nuno Resende, Historiador
Nasceu na vila de Cinfães em 1978

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