Ponte do Cabrum; reprodução digital de BPI (não circulado), finais do século XIX. Reprodução proibida. |
Entre os actuais concelhos de Cinfães e Resende ergue-se a robusta ponte de Cabrum, quase na confluência deste ribeiro com o rio Douro.
Com a abertura da estrada nacional 222 a velha travessia, implantada a uma cota de 75 metros de altitude, foi substituída por uma nova ponte, a montante, desviando o fluxo de trânsito de veículos entretanto dirigido para uma cota superior. Como as velhas calçadas já não servissem para ligar as comunidades automobilizadas, a travessia medieval deixou de ser utilizada, sendo hoje praticamente desconhecida, longe da vista de quem circula pela EN 222.
A ponte de Cabrum, uma das 4 pontes em pedra já existentes sobre este rio no século XVIII, aproveitou afloramentos de ambas as margens para alçar um arco de volta levemente apontado sobre o qual assenta um tabuleiro em cavalete. As estreitas aduelas do arco encontram-se profusamente marcadas com as conhecidas siglas ou marcas, ditas de canteiro (ver imagens abaixo).
Não tem contrafortes, nem talhamares (certamente porque a abertura do vão permite o escoamento de correntes mais fortes), mas na margem direita foi aberto um túnel destinado a aliviar a pressão de cheias correntes excêntricas e, talvez, a escoar regos ou canadas paralelos ao curso do ribeiro.
Trata-se de um dos exemplares melhor conservados a nível regional de uma ponte medieval, seguindo os modelos construtivos românicos, podendo situar-se a sua execução em finais do século XIV ou primeiros decénios do século XV.
Não é imóvel classificado, nem integra qualquer programa de divulgação ou protecção.
Continuação de As pontes românicas a sul do Douro na região de Montemuro.
Nuno Resende, Historiador
Nasceu na vila de Cinfães em 1978