Fornecer textos, materiais de estudo e investigação científica e didáctica nas áreas da História, Antropologia, Sociologia e Arte para o conhecimento do Passado e do Presente do actual município de Cinfães (constituído em 1855). Perante a má qualidade da informação veiculada pelas monografias locais e regionais, e pela propaganda turística oficial, propomos utilizar a internet como espaço de divulgação e discussão de assuntos estritamente dedicados à educação histórica e social como forma de sensibilizar jovens e adultos para a importância da História e do Património enquanto impulsionadores de desenvolvimento e garantes de progresso.
ALBERTO PIMENTEL 1849, Porto – Lisboa, 1925 Escritor, jornalista e historiador
Ao pé do eremitério n’aquella saudosa aldeia que tenho visitado tantas vezes, ha um cruzeiro rustico, vestido de heras, onde as raparigas do campo vão pendurar, no dia da romaria, uma corôa de flores silvestre como preito singelo de corações defesos á corrupção das cidades. Julho de 1869 Alberto Pimentel, “Seara em flor”
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Alberto Pimentel, de seu nome completo Alberto Augusto de Almeida Pimentel, foi um dos mais fecundos escritores portugueses (ilustração 1). À semelhança do seu principal biografado e ídolo – Camilo Castelo Branco – Alberto Pimentel produziu abundantemente ao longo da sua vida deixando, entre crónicas, romances e poesia, quase duas centenas de obras.
Nascido na freguesia de Cedofeita do Porto, filho do médico Fortunato Augusto Pimentel, conhecido apoiante de D. Miguel, Alberto construiu um percurso profissional que se destaca do maioria dos homens da sua época os quais, para atingirem os píncaros do poder seguiam estudos superiores, sendo Coimbra e, normalmente, o curso de Direito a alavanca e o impulso para a estreia nos corredores de São Bento.
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Alberto Pimentel foi praticamente um autodidacta: começou pelo jornalismo, no Jornal do Porto, onde publicou em folhetins o seu primeiro romance Testamento de Sangue (ed. 1872) . Esta novela sobre amores desavindos desenrola-se numa região que era querida ao autor: o Douro. Efectivamente, sendo o seu pai proprietário de uma quinta na freguesia de Souselo, hoje do concelho de Cinfães, ali viveu o autor parte da sua infância. As deslocações frequentes à quinta de Vila Verde (fotografia 2) familiarizam-no com a paisagem e as histórias locais que reproduzirá em alguns dos seus mais importantes romances ou colectâneas de contos, como o já referido Testamento de Sangue, Terra prometida (ed. 1918) , entre outros.