Mourilhe: breve História

MOURILHE é uma povoação a norte da vila de Cinfães a 150 metros de altitude, próxima à margem esquerda do rio Douro, integrada na freguesia e na paróquia de São Cristóvão de Nogueira. No século XVI, Morelhe, como então se designava, rondava os 24 fogos (entre 80 a 90 habitantes) e pertencia ao concelho de Nogueira, sendo deste o segundo lugar mais populoso (o primeiro era Valbom, com 28 fogos) (mapa 1).

Concelho de Nogueira (1758). Atlas de Cartografia Histórica.

Sobre a origem do topónimo Mourilhe pouco podemos aventar, no que a relação com mouros, como o nome parece sugerir, não será explicação provável. De facto, alguns autores explicam que os topónimos como Mourelos, Mourilhe, Mourilhermo (todos próximos à região de Cinfães) se formaram a partir da memória do domínio muçulmano/mouro (séculos VIII-X). Pinho Leal escrevia que Mourilhe era «corrupção de Mouril» (LEAL, 1875: 445) palavra portuguesa antiga para designar lugar ou coisa de «mouros».
Mas, se pensarmos bem: a) durante o domínio muçulmano seria estranho que uma povoação designasse o próprio grupo étnico/religioso que a habitava e, b) depois da Reconquista (por volta do ano mil) estranho seria que o inimigo prevalecesse como designação de um território ou comunidade que lhe tinha sido roubada.
Assim, devemos reflectir com algum cuidado na evolução da designação Mourilhe que, como vimos no século XVI, se escrevia Morilhe (embora admitamos que a escrita possa não corresponder à voz pública). A. Almeida Fernandes imputa-lhe uma origem antroponímica, isto é, a partir de um possessor antigo de nome Maurellu (GEPB, vol. 27: 452). Mas, decompondo o topónimo talvez encontremos alusão a algo mais prosaico: é uma palavra com raíz mor- (maior?) + sufixo nominal -ilhe ou -ilho (diminutivos). Estranho paradoxo, contudo, se Morilhe corresponder a «maiorzinho»? Designaria alguma característica morfológica relevante? Talvez um pequeno outeiro ou rochedo no Douro?
Devemos assinalar que já no século XIII já o lugar existia com duas fogueiras (fogos ou casas) e um casal do rei, propriedades de nobres e das ordens do Hospital e dos Beneditinos, através do mosteiros de Bustelo (hoje em Penafiel). Também a própria igreja de São Cristóvão detinha certos direitos e domínio na povoação, como o refere A. Almeida Fernandes relendo as Inquirições de D. Afonso III (idem, ibid.). E quase em frente, o sítio de Mourilhi Ermo, hoje Mourilhermo, na freguesia de Paços de Gaiolo, citado nas Inquirições de 1288 (SOTTOMAYOR-PIZARRO, ed. 2015: 134) chama-nos a atenção. Ter-se-ia dado aqui uma deslocação dos habitantes da margem norte para a sul, deixando a primitiva localidade erma, isto é, despovoada? E se sim (não é caso único na História do Douro), porque razão se mudariam da encosta mais soalheira, voltada a sul, para a margem oposta, mais sombria?
Em todo o caso, que outra razão que não o Douro para Mourilhe ser, no século XVI, o lugar um dos mais populosos do concelho de Nogueira? Este município constituía numa pequena tira de território (mapa 1), entre o Douro e um dos braços do Montemuro que, no século XVIII, o reitor de São Cristóvão designava serra da Cruz do Fojo. Confinava a nascente com o pequeno concelho de Cinfães, e a sul e poente e com vasto termo de Sanfins da Beira. Pequeno concelho que se voltava para o Douro, enquanto principal forma de comunicação e escoamento de produtos agrícolas e silvícolas para montante e jusante.
A apetência das elites pelo lugar de Mourilhe já se pressente no século XIII, através das propriedade de nobres, ordens religiosas e da própria igreja local em Mourilhe, mas a sua crescente população dever-se-á à faina fluvial que tinha aqui um dos seus principais portos. No século XVII refere-se o porto de Mourilhe, onde existia a quinta do Ribeiro, de Jerónimo de Castro Pinto e de Margarida Carneiro [1]. Para além desta quinta havia as casas de António Caldeira Botelho e de Maria de Melo que tinha pegada uma capela dedicada à Senhora da Hora.

Figura 2. Ruínas de uma das casas senhoriais de Mourilhe (da Boa Hora?)

Mas, talvez a maior propriedade local fosse a do abade de Tendais, Miguel de Melo, uma quinta situada no Cabo ou Cimo de Vila, que Domingos Dias Cardoso, pai do clérigo, «a comprou a Antonio de Medeiros e a sua mulher, e a Leonel de Souza e a sua mulher» [2]. Esta quinta foi doada ao Colégio da Companhia de Jesus para ajudar à construção da igreja de São Lourenço, no Porto.
Assim a descrevia o tombo do Colégio, no século XVII:

«A Quinta de Mourilhe dista desta Cidade 8 léguas Douro acima, e confina com o mesmo Douro no concelho de S. Cristóvão de Nogueira da parte da Beira, e chama-se a Quinta de cima de vila, a qual deixou por doação a este Colégio o Doutor Miguel de Mello Abade que foi de Tendais do concelho de Cinfães com condição de lhe darem uma capela na Igreja nova, que é [a] Capela de S. Cristo, para se trasladarem a ela Seus ossos, que estão sepultados na capela do morgado, que ele deixou em Cinfães; já tem sua sepultura aberta na dita Capela do S. Cristo desta Igreja, que lhe mandou abrir o Padre Manuel Dias sendo reitor deste Colégio no ano de [16]97, e logo Se espera venham pera ela os osso do sobre dito Doutor Miguel de Melo» [3].

Não há certeza de que os ossos do abade de Tendais tenham sido traslados para a igreja de São Lourenço no Porto, mas os rendimentos da quinta de Cimo de Vila de Mourilhe iam regularmente abastecer a comunidade da Companhia de Jesus, Douro abaixo. Compunha-se a quinta de pomares com laranjeiras e limoeiros, hortas e água, olivais e vinhedos. Dava 67 alqueires de pão 40 almudes de azeite e rendia 1500 réis [4].
Os senhores da Quinta do Ribeiro de Mourilhe também se ligavam ao Porto. Jerónimo de Castro Pinto, casado com D. Margarida Caneiro instituiu um vínculo na sua capela de Nossa Senhora da Consolação que passou a seu filho primogénito, homónimo, casado naquela cidade com Brites Peixoto.
Jerónimo de Castro Pinto (filho) foi o primeiro administrador do vínculo de Mourilhe e da capela de Santa Catarina em S. Domingos do Porto, (FREITAS, 1939: 66). Fez testamento a 24-4-1618, aprovado por António Pinto Machado, no concelho de São Cristóvão de Nogueira, onde pedia aos sucessores da quinta e vínculo de Mourilhe conservassem para as festas da sua capela «2 panos de Arrás com a historia de El-Rei David» (idem, ibid.). Esta, interessantíssima, é única na história familiar das elites da cidade do Porto com solares no Douro – casas de vilegiatura ou destinadas à conservação de uma memória nobiliárquica que, como cidadãos do Porto não pudessem, talvez, exibir na urbe.
Mas outros indivíduos de Mourilhe suscitam, aliás, olhares mais atentos e que se relacionam com os já citados. É o caso de Manuel Couto de Azevedo ou Manuel de Azevedo Coutinho, que o genealogista Felgueiras Gaio diz ter sido um dos grandes juristas do século tempo (GAIO, 1989, §. PINTOS §187 MORGADO DE VELUDE). O seu tempo é o do século XVII, pois sabemos que se casou a 12-07-1651 na paroquial de São Cristóvão de Nogueira com Catarina de Melo, de Mourilhe, filha de António Cardoso Botelho e Mariana de Melo e irmã de Maria de Melo, senhora da já referida Capela da Senhora da Hora.
Mas que relações, para além da ligação à cidade do Porto, uniam estas importantes famílias? E porque se teriam instalado em Mourilhe?

Figura 3. Localização de Mourilhe na CARTA DO RIO DOURO E PAIZ VINHATEIRO (1845), de Forrester.

Mourilhe seria um dos mais importantes portos fluviais do Douro e, como tal, é distintamente assinalado na cartografia que representa este rio (figura 3) . O lugar tinha barca de passagem (gratuita) e um vasto areal ou praia, onde atracavam os barcos de comércio e passageiros Douro acima, Douro abaixo. A gratuitidade da barca (ao contrário de outras, pagas, a montante e jusante) devia conduzir muitos indivíduos a esta passagem, trazendo gente e bulício à povoação. Nela habitavam não só arrais do rio, marinheiros, comerciantes mas, também, as elites que deviam tirar proveito do bulício e da centralidade do lugar no tráfego duriense.
Já no século XIII os religiosos do Mosteiro de Bustelo (em Penafiel) emprazaram (arrendaram) a Elvira de Pedro, filho e neto «o Cazal de Mourilhe, para além de várias rendas, nomeadamente a entrega de uma «uma lampreia no mês de Fevereiro ou em Março», obrigavam-se os caseiros a hospedar o D. Abade ou qualquer monge «cum servicio et honra» quando viajassem por aquele sítio, sinal da importante do lugar como passagem (MEIRELES, 2007: 46).
Havia, em Mourilhe, quem negociasse com os impostos cobrados no Douro, que então tinha portagens. Em 1782 os religiosos do convento de Ancede (Baião) fizeram arrendamento dos foros ou portagens, «que costumam pagar todos os barcos que navegam no rio Douro», a António da Silva da Fonseca do lugar de Mourilhe [5].
Além dos Castros Pintos e do jurista Manuel Couto de Azevedo, devemos assinalar a relação de outros indivíduos poderosos com Mourilhe, como os da família Paz, do Porto. De facto, Manuel de Castro Pinto, filho do referido Jerónimo, senhor da casa e capela de Nossa Senhora da Conceição casou com Branca da Paz, que o genealogista Alão de Morais diz ter sido filha de «Antonio da Paz hum mercador do Porto». Ora, este António da Paz era cristão-novo, que a historiadora Maria José Pimenta Ferro Tavares indicou como cavaleiro da Ordem de Avis. Em 1542 António da Paz vivia na Porta do Olival, área da antiga judiaria do Porto. Tal estatuto poderá ter isentado a família Paz da perseguição aos judeus conversos que não foram obrigados a sair de Portugal pelo édito da expulsão, assinado por D. Manuel I, em 1496.
Talvez estes poderosos cristãos-novos encontrassem em Mourilhe um lugar discreto para exercerem os seus mesteres e administrarem os seus bens, longe da vigilância urbana.
É possível que houvesse botica, em Mourilhe. O equivalente, nos dias de hoje, a uma farmácia, seria administrada por António José de Sousa, filho de José de Sousa e Justa Teresa, deste lugar. Habilitou-se ao ofício de boticário em 1755 e, no seu processo de admissão, entre as várias testemunhas citam-se algumas das que viviam em Mourilhe: Manuel Correia de Noronha, de 50 anos, homem casado que vivia de sua fazenda; Lucas José Barreto, casado, escrivão do público judicial e notas e Manuel Duarte da Silva, homem casado «marinheiro do Rio Douro» [6].
O declínio do tráfego fluvial, com a chegada do caminho de ferro e de mais e melhores estradas, terão levado ao empobrecimento do lugar. No jornal Voz de Cinfães, de 1-10-1928 alguém, pelos habitantes de Mourilhe, queixava-se às autoridades municipais do mau estado da estrada que ligava a povoação à praia. Este troço faria parte de uma antiga estrada, medieval, que no século XIX foi integrada na categoria de vizinhal (paroquial): «A do Cais de Mourilhe atravessando a primeira estrada Concelhia e seguindo por diferentes povos até aos de Valbom e Sanfins, e terá de extensão três quilómetros, bifurcando-se em diversos pontos para diferentes povos da freguesia de São Cristóvão de Nogueira em pequenas distâncias»[7].
A barragem que foi construída às portas de Mourilhe veio alterar por completo o seu entorno.

Construção da barragem de Carrapatelo. Digitalização de prova do autor. C. 1970

A BARRAGEM DE CARRAPATELO
As barragens fazem parte de uma estratégia de aproveitamento hidroeléctrico que começou a ser delineada ainda em tempo de monarquia. Quer no Corgo, quer no Varosa, afluentes do Douro, foram ensaiadas as primeiras experiências portuguesas para obtenção de luz eléctrica a partir da força das correntes. Mas o Douro foi um dos rios onde o investimento na construção barrageira só começou em força na década de 1950, mas graças aos estudos e voz de Ezequiel de Campos (1874-1935), anos antes. Este engenheiro e pensador natural da Póvoa do Varzim, preconizava a implantação de uma rede nacional de centrais eléctricas nomeadamente no Douro
O primeiro projecto para uma barragem neste rio Douro, propô-lo Ezequiel de Campos, na década de 1932, no troço Escamarão-Bitetos (Campos, 1932). Era para ser edificada um pouco antes da foz do rio Paiva. Novos estudos geológicos encontraram na praia de Mourilhe, o local indicado para a implantação de uma barragem que começou a ser construída em 1964 e terminou em 1972. O projecto foi do arquitecto João Archer de Carvalho que teve a seu encargo, entre outras obras, a de Picote, anos antes.
A obra não avançou sem vários percalços que fizeram disparar o orçamento inicial. Na margem esquerda, sob Mourilhe, os solos argilosos obrigaram a fundações abaixo de 30 metros do leito e na margem direita alguns declives cederam, dificultando a construção da eclusa. Em Dezembro de 1968 já se havia gasto no trabalho fundacional 1 milhão de contos! [8]
A represa fez subir a cota da água acima dos 50 metros, criando um vasto lago a montante num meandro entre Pala, Porto Antigo, Souto do Rio e Passagem e alagando um vasto território, misto de leito de cheia e terrenos de cultivo até Peso da Régua. Com esta barragem despareceu casario e a povoação de Porto Manso, em Baião e foram afectadas as estâncias termais de Aregos e Moledo. Uma das vozes críticas contra a construção do Carrapatelo foi a do escritor João Araújo Correia, da Régua.
A paisagem de grande parte do território ribeirinho de Cinfães alterou-se profundamente com esta nova linha de água, substituindo margens agrestes, marcada por reentrâncias, escarpas, praias e pontos, por uma plácida estrada fluvial que hoje é via de trânsito para barcos de turismo e cruzeiro.
O tempo de construção da barragem trouxe alguma vitalidade a Mourilhe, embora o bairro operário tivesse sido construído na margem oposta. É curiosa a descrição feita no guia de Portugal, de 1968, sobre o ambiente que se vivia aqui: «Vista a certa distância, aldeia industrial, de barracas standardizadas, com as bisarmas, os cabos de vaivém, as gruas e as moelas das britadeiras desconformes, o formigueiro dos trabalhadores e dos tractores, dá uma estranha sugestão de que o fantasma de Ramsés II, mancomunado com o Espírito de Júlio verne, parece querer tomar conta do Mundo» (S.A., 1988: 623).
De um lado e do outro do rio afluíam camiões e toda a espécie de viaturas, trazendo bens e homens para tão colossal construção. A barragem foi inaugurada a 18 de junho de 1972.
Do Passado e da História de Mourilhe restam infelizmente algumas ruínas, obliteradas pelo património hidroeléctrico, a estação de distribuição e os cabos de alta tensão. Pelo menos, alguns vestígios a importância e até de alguma opulência de um Passado que parece irremediavelmente perdido.

 

NOTAS

[1] ADL, Paroquiais, São Cristóvão de Nogueira, Mistos, 1653-1680, fl. 11 «Capela de Morilhe»)
[2] ADL, Paroquiais, São Cristóvão de Nogueira, Mistos, 1653-1680, fl. 11 «Capela de Morilhe»
[3] (ADP, Companhia de Jesus, Colégio de São Lourenço, Livro que contem as Fazendas e Foros que pertencem ao Collegio do Porto feyto no anno de 1608, fls. 260-261)
[4] (idem, ibid.).
[5] ADP, notariais, Baião, livro 11, fls. 104-106.
[6] AUC, Catálogo dos Processos de Habilitação a Partidos Médicos e Boticários, (1658-1771), cx. 4, n.º 151.
[7] ACMC, Livro das Actas Municipais, Acta de sessão de Camara á cerca das estradas concelhias e vesinhães, 4-3-1859.
[8] Estas informações constam do texto do 5.º volume do Guia de Portugal, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian, enquanto a obra decorria, cf. [S.a.]. (1988). Guia de Portugal – Vol. V, tomo II: Trás-os-Montes e Alto-Douro. II. Lamego, Bragança e Miranda (2.ª edição ed.). Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 620-623.

BIBLIOGRAFIA CITADA

[S.a.]. (1988). Guia de Portugal – Vol. V, tomo II: Trás-os-Montes e Alto-Douro. II. Lamego, Bragança e Miranda (2.ª edição ed.). Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 620-623.
Campos, E. ([1932]). Bitetos. [Emprêsa Industrial Gráfica do Porto].
Freitas, E. A. d. C. e. (1939). As capelas de S. Domingos do Porto. [Ed. Marânus].
GEPB (1935-1957). Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Editorial Enciclopédia/Edições Zairol.
Leal, P. (1875). Portugal Antigo e Moderno […] (Vol. 5). [Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia].
Meireles, A. d. A., frei, & Dias, G. J. A., frei. (2007). Memórias do Mosteiro de S. Miguel de Bustelo. Museu de Penafiel.
Sottomayor-Pizarro, J. A. d., ed. (2015). Portugaliae Monumenta Historica […] Inquisitiones. Inquirições Gerais de D. Diniz de 1288: sentenças de 1290 e Execuções de 1290 (1.ª edição ed.). Academia das Ciências de Lisboa.

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Professor. Universidade do Porto. Portugal.

Comments

  1. FOI AQUI EM MOURILHE QUE CASEI E TRABALHEI NA BARRAGEM NOS ANOS 65/66 E 4 MESES ANTES DE FAZER O MEU SERVICO MILITAR ESTOU EM FRANCA A MAIS DE 50 ANOS MAS VOU A MOURILHE QUASE TODOS OS ANOS SOU ALENTEJANO DE GRANDOLA

    1. Se me é permitida uma simples rectificação, a quinta em Mourilhe a que se faz referência, chamava-se da ” de Ribeira de Mourilhe” e não “do Ribeiro de Mourilhe”.

      Respeitosos e cordeais cumprimentos

      (OBS: A minha escrita na obedece ao Acordo Ortográfico.)

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