
O topónimo Fornelos é bastante comum de norte a sul de Portugal. Para além de Fornelos, em Cinfães, identificamos freguesias homónimas nos municípios de Santa Marta de Penaguião, Fafe, Barcelos e Ponte de Lima [1]. Há, ainda, Fornelo em Vila do Conde e Fornelo do Monte, em Vouzela. Provém da justaposição de forno+elos, sendo -elos um sufixo indicador de diminutivo ou diminuição. Assim estamos perante a expressão «pequeno forno». Porque é que alguém se lembraria de baptizar com este nome uma localidade ou um território? A toponímia é o estudo dos nomes dos lugares e, embora seja uma ciência, a que se aplicam regras, «cada caso é um caso».
O Forno a que se refere o topónimo Fornelo pode não ser necessariamente uma construção utilizada para assar ou cozinhar. Pode indicar um pensamento metonímico, isto é, substituir algo pela sua ideia, ou até metafórico, ao transferirmos o nome de uma coisa para outra com a qual é possível estabelecer uma comparação.
Ao observarmos a área geográfica de Fornelos (carta militar n.º 135), no município de Cinfães, observamos que corresponde a um terreno montanhoso, em forma de anfiteatro, voltado a poente, aberto ao vale do Paiva. Forno poderia significar, aqui, espaço em parte fechado ou até refúgio, a (estranha, é certo) ideia de um forno na orografia. Almeida Fernandes relaciona-o com a vizinha freguesia de Fornos, além Paiva [2]. Mas, claro, não devemos excluir a hipótese de estarmos perante a indicação de vestígios arqueológicos, como acontece noutros lugares, em que o povo aplicou tal designação a estruturas semelhantes a fornos, como abrigos sob rocha, antas ou outras estruturas para defesa, sepultamento ou até meditação espiritual. Neste sentido, o pequeno lugar da Lapa poderia reforçar esta hipótese – terra de monumentos megalíticos, ou eremitas medievais. Ali perto identificamos há alguns anos, alguns abrigos abertos em saibro que podem consubstanciar tais hipóteses [3]. Infelizmente o investimento em arqueologia no município de Cinfães, não tem possibilitado a confirmação destas teorias.

Todavia, sabemos alguma coisa sobre a História de Fornelos, ainda que os monógrafos locais a tenham desfavorecido [4].
Implantada entre os 150 e os 800 metros de altitude, limitada pelas freguesias de Travanca, Espiunca, Nespereira, Piães e Moimenta, Fornelos constituiu um território habitado ininterruptamente desde, pelo menos, a Idade Média. Os nomes das suas localidades confirmam esta cronologia de ocupação e organização do território: Vila Nova, Quintã, Vila, Cimo de Vila e Fundo de Vila referem-se ao estatuto das comunidades medievais (vila e quintã, no sentido de comunidades agrárias) e devesa relativa à divisão (fechamento) de terrenos agrícolas. Rua e Pousada parecem indicar a existência de uma importante via de trânsito que passava paralelamente ao Paiva, por Fornelos, Travanca e Souselo, até à barca do Escamarão.
Outros topónimos, como Cortegaça, Favacal e Macieira, podem referir-se a elementos fitológicos e botânicos. Cunha, Outeiro, Rebolha, Sarabagos [5] e Trás-Fontão à orografia. Já Guisande parece aludir ao nome de certo proprietário, sendo comum no noroeste peninsular, com variantes como Guisando, do nome próprio Uisando que Almeida Fernandes relaciona com a «villa Visandi»[6]. Pelourinhos deixa-nos algumas dúvidas, pois o pelourinho de Sanfins, onde eram aplicadas penas menores aos criminosos era em Nespereira e não em Fornelos. Talvez esteja ligado aos pelouros, ou funções dos vereadores do concelho. Por fim, não podemos deixar de chamar a atenção para o significado arqueológico de certos microtopónimos, como Cascalheira, Furnas, Geia, Muros, Marmoural, Sailas que bem podem fazer memória de lugares com interesse histórico, a pedirem atenção.
Da Idade Média chegam até nós vários documentos com referências a Fornelos. Almeida Fernandes regista o primeiro até agora conhecido, datado de 1067, que alude à «villa fornellus subtus mons Muro», sendo este Montemuro o dorso do monte da Senhora do Castêlo. Em 1258 refere-se que a igreja estava em propriedade privada, mas que uma quarta parte era do rei. Há ainda, neste século outras referências, nomeadamente quanto à posse de terras por senhores como Domingos Joanes [7], a quem D. Dinis concedeu, em 1279, autorização de aforamento nesta paróquia ou Martinho Pedro [8], foreiro a Alpendurada no casal do Outeiro por documento outorgado pelo abade daquele mosteiro, D. Mendo, em 1280. Os Cónegos Regulares de Santo Agostinho de São Vicente de Lisboa tinham um casal em Cortegaça [9], assim como outras ordens e casas, nomeadamente a das monjas de Tarouquela.
A paróquia de Fornelos é dedicada a São Martinho, bispo de Tours (séc. IV), mais conhecido pela sua prática caritativa pois, narra-nos a sua hagiografia que, sendo militar, repartiu a sua capa com um mendigo. É aliás, pelo seu orago, que se distingue das outras localidades portuguesas com o mesmo nome. Juntamente com a vizinha Moimenta, constituem, em Cinfães, as duas paróquias tituladas a este bispo. E a escolha de tal invocação poderá significar uma marca do poder eclesiástico neste território.
No século XIV já existia aqui uma igreja com este orago embora fosse, talvez, de pequena dimensão, um curato, talvez, pois no imposto que se lançou para pagar as Cruzadas no tempo de D. Dinis, vem taxada com 40 libras – reduzida contribuição, comparada com outros templos da região [10].
O padroado da igreja (isto é o senhorio dela) parece ter sido disputado entre o Mosteiro de Alpendurada, a Mitra e os Condes de Marialva. Ao que parece Filipe II tomou-o para o Padroado da Coroa, tendo depois passado para alternância entre o Papa e a Mitra de Lamego, situação em que se encontrava no século XVIII [11].
Fornelos fez parte do termo do município de Sanfins da Beira, extinto em 1855 e integrado no actual de Cinfães. No foral que foi atribuído a Sanfins, a 6 de Setembro de 1513 referem-se algumas das localidades e indivíduos de então, moradores em Fornelos, tais como Sarabagos – onde havia um casal que pagava vários tributos, entre pão meado (misturado), centeio, marrãs, ovos, galinhas, etc.; Cortegaça dos Ferreiros, Macieira e Lapa. Nestes lugares viviam, entre outros, alguns indivíduos com nomes curiosos como João Pequeno, Gonçalo Pires, Pero Gonçalves, João Rodrigues, Álvaro Anes, João da Folga, Martim Velho, etc.[12].

A memória de Fornelos assinada a 3-5-1758 pelo Abade Manuel José Carneiro Rangel, é um documento importante para avaliar quer da origem e formação do redactor, quer da visão deste sobre as qualidades da terra [13]. Filho de António Carneiro de Sequeira e Mariana Pinto da Costa, o abade Manuel nasceu na casa do Paço de Fornelos, cuja freguesia paroquiou até 1792. Quando faleceu, em 1800, foi sepultado na capela-mor da «sua» igreja [14].
Segundo ele a sua terra natal ficava «na Beira Baixa» e era «da Comarca, e Bispado de Lamego; e do Concelho de São Fins». Segundo ele era o «dito Concelho de EL REI nosso Senhor, e nele [havia] o Couto de Escamarão. de que [era] Donatário o Convento de S. João de Alpendorada de Religiosos do Patriarca S. Bento; e o Couto de Tarouquela de que [era] Donatário o convento de Ave Maria das Religiosas do Patriarca S. Bento da cidade do Porto. Mas não obstante o Ser este dito concelho d’EL REI nosso Senhor, «[era] a data ou mercê dos empregos militares assim de Capitão mor, e Sargento-mor, como dos mais oficiais militares do Senhor Infante D. Pedro».
Tentemos explicar esta informação destrinçado a intrincada organização e teia de jurisdições que existiam ao tempo do abade Rangel que, aliás, faz muito mais do responder apenas sobre a sua terra, acrescentando outras informações sobre as vizinhas.
Primeiro, a região Beira Baixa. Entre os vinte memorialistas das freguesias que hoje formam o concelho de Cinfães, os párocos de Ermida do Paiva e de Fornelos são os únicos que incluem a sua terra no que chamam Beira Baixa. A maioria, doze, indica apenas «Beira». Talvez por se situarem junto a rios (Fornelos, junto ao Paiva e Ermida, junto ao Douro), os memorialistas se revissem numa Beira, baixa, isto é, a cotas altimétricas de baixa altitude. Todavia, a designação mais comum nesta época era a de Beira.
Depois, o abade Rangel situa Fornelos na Comarca e Bispado de Lamego e no concelho de Sanfins. A Comarca era uma circunscrição judicial e o bispado, divisão religiosa. No âmbito regional e local, havia o município que, era então e como já vimos, o de Sanfins. Noutra resposta mais adiante, o abade Rangel elenca as freguesias que pertenciam a este município: «São Martinho de Fornelos, Santa Leocádia de Travanca, N. Senhora de Escamarão, S. André de Souselo, S. Cristóvão de Espadanedo, Santa Maria de Tarouquela, S. Tiago de Piães, S. Martinho de Moimenta do Douro, Santo Erício e Santa Marinha de Nespereira». Neste território, dentro do termo municipal existiam, ainda, outras jurisdições, como os coutos (isto é, territórios de certa casa ou instituição religiosa), no caso de Sanfins os de Escamarão e de Tarouquela, o primeiro dos monges de Alpendurada e o segundo das monjas de São Bento do Porto.
Finalmente, os postos militares locais (equivalentes, hoje, à polícia ou à G.N.R.) eram da responsabilidade de D. Pedro, irmão do rei D. José o qual, por ser filho segundo (infante) do rei D. João V, recebeu a Casa do Infantado e nesta uma vasta extensão de propriedades, bens e direitos que incluía esta prerrogativa de nomeação em Sanfins.
Quanto à estatística de Fornelos o abade Rangel indicou 118 fogos e 481 pessoas «maiores e menores» distribuídas pelos lugares de Cunha, Guisande, Sarabagos, Macieira, Cortegaça, Outeiro, Rebolha, Três Fontão, Vila Nova, Quintã, Vila, Cimo de Vila, Rua, Pousada e Chãos. O número de lugares não aumentara desde 1527, quando se executou o primeiro censo, existiam, então Macieyra, Gysamde e Lapa, Cortegaça dos ferreiros, Outeyro e Tresfontam, Fornelos e Cunha, e Saranagos (sic) O que parece ter acontecido é o desdobramento de povoações vizinhas contabilizadas em conjunto pelos inquiridores quinhentistas. Apesar da reduzida extensão (10 km2) e baixa densidade populacional a freguesia sustentava um abade que auferia cerca de 450 mil réis anuais, ordenado substancial que justificava a presença de um nobre pároco como Manuel Rangel.

Ainda no inquérito de 1758 faz-se referência ao edificado religioso da freguesia. A igreja era de uma só nave, com três altares: o altar-mor, com sacrário, e dois altares colaterais (postos entre o arco cruzeiro e as paredes laterais). No altar-mor estavam as imagens do patrono, São Martinho e de São José. Nos colaterais, o do Evangelho (à direita do observador) com a imagem da Virgem do Rosário e o da Epístola Cristo Crucificado. Existiam, ainda, as imagens de e Senhora e do Menino Jesus, de S. Lourenço, de S. Sebastião, de S. Gonçalo, de S. Brás.
No inventário de 1911, executado na sequência da Lei da Separação promulgada em República, já se arrolaram quatro altares, o maior com as imagens de São Martinho, Senhor dos Aflitos, São Sebastião, Santo António e São José; o altar de Nossa Senhora do Rosário, o altar de São Brás e o altar do Sagrado Coração de Jesus [15].
Havia uma capela particular dedicada a São Sebastião, na quinta das Carvalhas, e uma ermida, ou santuário, em Macieira. Acerca deste santuário, diz-nos o abade Rangel: «uma capela do Povo com a invocação de N. Senhora dos Prazeres, que é Senhora de muitos milagres, e nela tem particular Fé todo o Povo desta freguesia, e a ela Recorrem nas suas necessidades; maiormente quando tem indigência de chuva, ou Sol para a conservação dos frutos; o que conseguem Logo que imploram o favor da Senhora». Os Prazeres a que a invocação se refere, serão os terrenos, os frutos que a terra dava para gosto dos homens. No século XVIII era um santuário para protecção das terras e da sua fertilidade, mas, ao longo do século XIX, a Virgem dos Prazeres foi substituída pela invocação do Senhor dos Enfermos, que passará a cuidar do corpo dos seus fiéis, sendo ainda hoje a principal invocação que aqui traz romeiros para a celebração da sua festa e culto. A devoção mariana deve ser antiga, talvez medieval, uma das principais da região, juntamente com as vizinhas Virgens do Leite, em Travanca e a de Cales, entre Piães e São Cristóvão de Nogueira. Pelo menos é o que se infere das palavras do abade de Fornelos, sobre certos votos «antiquíssimos» e procissões que a Macieira afluíam, nas festas da Ascensão do Senhor, segunda oitava do Espírito Santo, desde Moimenta, Travanca, Santo Erício e Santa Marinha de Nespereira.

No século XIX destaca-se o papel da Irmandade do Senhor dos Enfermos no estímulo do culto a Cristo crucificado. Integrá-la constituía uma honra e, por isso, vários foram os indivíduos das principais famílias locais que nela se inscreveram e a administraram. Numa lápide comemorativa das obras levadas a cabo em 1898 neste santuário, vemos alguns nomes adiante referidos, como os Adrião Ferreira de Castro e António do Nascimento d’Azevedo Coutinho. Importa notar que, no lugar de Macieira, existiam vários padres cujos óbitos encontramos nos livros paroquiais dos séculos XVIII e XIX. É possível que este ambiente sacerdotal tenha influído na dinamização do culto.
Voltando ao século XVIII, este foi um tempo particularmente importante na história da freguesia. Procederem-se a grandes transformações na igreja matriz que se deveram ao filho da terra, o abade Rangel. De facto, como refere o padre M. Gonçalves da Costa, na sua monumental obra História da Cidade e Bispado de Lamego, foram várias as obras levadas a cabo durante o seu abaciado. Talvez como nobre da terra, sentisse necessidade de deixar a sua marca, para além da morte.
O poderio dos Rangéis continuou no século XIX, porquanto entre 1809 e 1820 ainda foi dela abade Jerónimo Rangel Carneiro Sequeira Pinto de Vasconcelos, sobrinho do abade Manuel. Com o liberalismo este estado de coisas, o da prevalência de nepotismos, cessou. Em 1835 era cura coadjutor de Fornelos Lourenço Pinto Nunes de Moura, natural de Travanca; em 1862 foi colado em Fornelos, o padre João Teixeira de Vasconcelos, natural de Cárquere; em 1876, o padre João Manuel de Lacerda Vasconcelos; em 1896, o padre Manuel Ferreira Vinhas Ribeiro e, em 1899, Urbano Augusto Rodrigues Valente.
Natural da freguesia de Fornelos foi o padre Manuel Pinto Monterroso, que serviu de ecónomo da Igreja de S. Tiago de Piães entre 1726-1727.
De Fornelos foi, também, José Júlio de Azevedo Nascimento d’Azevedo Coutinho [16], filho de António do Nascimento d’Azevedo Coutinho, admitido na Universidade de Coimbra no primeiro ano de Direito aos 2 de Novembro de 1885. Era da família da Casa da Adega, em Tarouquela.
Ainda desta freguesia, do lugar de Pelourinhos, foi Adrião Ferreira de Castro, editor do jornal A Justiça de Sinfães, um dos principais e mais importantes órgãos de comunicação da região no século XIX. O Justiça de Cinfães, que marcava posição pelo partido progressista surgiu quando este estava no governo com uma confortável maioria. Em Cinfães foi seu principal representante Martinho José Pinto de Bulhões (1848-1923), conde de Castelo de Paiva que, entre 1884 e 1890, representou a região como deputado pelo círculo eleitoral n.º 52.

Embora nascido em Travanca, António Teixeira de Castro Montenegro, filho do atrás referido Adrião de Castro, destacou-se pela escrita de um livro de poemas intitulado «Musa Sinfanense» [17], editado em 1938. Se excluirmos João Soares Coelho, o trovador, neto de Egas Moniz e senhor da Torre da Coelha (situada abaixo da vila de Cinfães), é na obra de António Teixeira de Castro Montenegro que se inaugura a poesia erudita cinfanense – tardiamente, como se vê. Terra de poucos poetas (antigos, existindo hoje alguns nomes com valor), embora rica em intelectuais e autores de obra literária diversa, a lírica ficou-se, em Cinfães, pelo Cancioneiro Popular [18], vertido da oralidade ao papel por Vergílio Pereira em 1950 ou gravado por Giacometti na década seguinte.
No Lodeiro, Oliveira do Douro, D. Henriqueta Elisa de Sousa escreveu poesia, mas pouco abonatória do lugar, ao gosto romântico da saudade por terras mais afeitas a tertúlias. E a obra «Sinfaníadas» (1938), homenagem laudatória ao Conselheiro Martins de Carvalho, escrita por um escritor estranho à terra (João Saraiva), não constitui referência particular do sentir telúrico, pelo seu excessivo formalismo, imitando a lírica camoniana. Mas, em «Musa Sinfanense», o autor concilia a homenagem à família com as lembranças da terra, evocando elementos visuais da sua memória (a aldeia, o Paiva murmurante) com sentimentos pessoais e o labor de poeta, voltado para o folclore e o pitoresco, já ao gosto estado-novista. Por outro lado, o Culto à Árvore e a educação, parecem constituir referências republicanas, que o autor terá recebido por via paterna.
A freguesia de Fornelos, embora pouco extensa tinha um conjunto expressivo de casas senhoriais. A já referida Casa das Carvalhas, com capela dedicada a São Sebastião e a da Mouta que, no século XVIII, era de Manuel Joaquim Cortez de Vasconcelos, mas que fora dos Pintos de Chã, ascendentes, também, dos senhores da grandiosa casa do Paço (imagem 6).

Um grupo de mancebos de Fornelos integrou o Corpo Expedicionário Português que foi lutar nos campos de França durante a I Grande Guerra, a saber: José António, José Teixeira Lemos, Manuel Caldeira, Manuel Pinto e Manuel Soares, o primeiro do Regimento de Infantaria n.º 31 e os restantes do R.I. n.º 32.
A estrada que ligou Fornelos ao resto do mundo foi projectada ainda na I República. Em 1927 anunciava-se um orçamento de 400 contos para várias obras, nomeadamente a estrada de «Tarouquela [a] Moimenta, Fornelos e Nespereira e daqui a Alvarenga» [19]. E em 1940 estava «a ser estudada a estrada municipal entre Souselo e Fornelos» [20].
Em 1936 havia estação postal no lugar de Macieira, escola mista e agência de seguros sendo, segundo escreve Américo Costa, sede de um julgado de paz [21].
Nos dias de hoje vário é o património ainda existente em Fornelos, desde o religioso, ao arquitectónico erudito, mas também vernacular, como os canastros, as alminhas ou os moinhos (imagem 7). Importa registar e preservá-lo.

NOTAS
[1] – COSTA, Américo – Dicionário Corográfico de Portugal Continental e Insular […]. Edição do autor, 1936, vol. VI, pp. 922-931.
[2] – FERNANDES, A. de Almeida – Censual da Sé de Lamego. Arouca: [Câmara Municipal de Lamego / ADPA], 1999, p. 96.
[3] – Ver o que a respeito desta associação, entre dólmens/antas e o topónimo Fornelos ou Fornos escreve A. de Almeida Fernandes: FERNANDES, A. de Almeida – Toponímia portuguesa. [s.l.]: Associação para a Defesa da Cultura Arouquense, 1999. ISBN: 972-9474-13-3, pp. 313 ss.
[4] – Os casos de Manuel de Castro Pinto Bravo e Bertino Daciano, que lhe dedicam esparsas referências: BRAVO, Manuel de Castro Pinto – Monografia do Extinto Concelho de Sanfins da Beira. Porto: [edição de autor], 1938; GUIMARÃES, Bertino Daciano – Cinfães. Porto: Junta de Província do Douro Litoral, 1954.
[5] – A. de Almeida Fernandes não refere este topónimo do seu dicionário, mas dois similares, Sarabigões (+próximo, em Espiunca) e Sarabigo, Trancoso, cf. FERNANDES, A. de Almeida, op. Cit., p. 536. Piel e Almeida Fernandes concordam com a associação a Serapico, mas radicam-na no onomástico germânico. O termo pico não quererá, contudo, dizer penha ou cume?
[6] – O autor propõe uma datação muito mais antiga – séculos V-VI- para a igreja de São martinho relacionando-a com esta villa, FERNANDES, A. Almeida, op. cit., p. 96. Contudo, a reduzida contribuição nas Cruzadas, ao tempo de D. Dinis, indica que era, no século XIV pequeno templo.
[7] – ANTT, Chancelaria de D. Dinis, liv. 1, fl. 178.
[8] – ANTT, Ordem de São Bento, Mosteiro de São João Baptista de Pendorada, mç. 23, n.º 1.
[9] – Cónegos Regulares de Santo Agostinho, Mosteiro de São Vicente de Fora de Lisboa, 2.ª incorporação, cx. 33, n.º 1. Acessível em: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=1461936
[10] – ALMEIDA, Fortunato; PERES, Damião, dir. – História da Igreja em Portugal. Porto: Livraria Civilização, 1971, vol. IV.
[11] – FERNANDES, A. de Almeida – Censual da Sé de Lamego. Arouca: [Câmara Municipal de Lamego / ADPA], 1999.
[12] – A este respeito ver: MARQUES, Maria Alegria; RESENDE, Nuno – Terras e gentes: os forais manuelinos do actual concelho de Cinfães. [s.l.]: Câmara Municipal de Cinfães, 2013. ISBN: 978-989-98362-0-4.
[13] – CAPELA, José, coord.; MATOS, Henrique, leit., notas- As freguesias do Distrito de Viseu nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: [s.e.], 2010. ISBN: 978-972-98662-5-8.
[14] – ADV, Paroquiais, Travanca, Óbitos, 1769-1806, fl. 89 e 125.
[15] – SGMF, Comissão Jurisdicional dos Bens Cultuais, Viseu, Cinfães, Arrolamentos dos Bens Cultuais, Travanca, Liv. 109, fl. 107-109.
[16] – AUC, Matrículas, L.º 1885-1886, fl. 29 v.
[17] – MONTENEGRO, António Teixeira de Castro – Musa Sinfanense. Porto: [edição do autor], 1938.
[18] – PEREIRA, Vergílio – Cancioneiro de Cinfães. Porto: Junta de Província do Douro Litoral 1950.
[19] – AURORA DE SINFÃES, Ano I – n.º 9 (2-7-1927), p. 2.
[20] – BEIRA DOURO, n.º 280 (7-12-1940), p. 2.
[21] – COSTA, Américo, op. cit., p. 929. Este autor confunde Fornelos de Cinfães, com Fornelos em Resende, a cuja terra o Barão José Joaquim Pereira dos Santos foi buscar o título, em 1843.
É importante citar (para não incorrer em transcrições plagiosas) e, também, saber citar. Como tal, para referir-se a qualquer artigo publicado neste sítio em-linha, seja em trabalhos escolares, académicos ou outros, deverá ter em conta os seguintes elementos:
[APELIDO, Nome próprio do autor] – [título do artigo]. [nome do sítio], [protocolo e endereço], [data da visita].
Ex.º: RESENDE, Nuno – «Giraldo Geraldes, o sem pavor». História de Cinfães, https://historiadecinfaes.pt/, consultado em linha em 17-10-2009.

Professor. Universidade do Porto. Portugal.
Maravilhosa descrição sobre a freguesia de Fornelos, em Cinfães. Obrigado pela publicação. Desconhecia a maioria das informações. Afinal a nossa Fornelos tem uma soberba História. Bem hajam.
Muito bom trabalho. Penso que o mancebo Manuel Soares, recrutado para a Grande Guerra, era meu tio-avô. Obrigado pelo esforço pleno de mérito. Luís Soares de Sousa.
Um grande bem haja pelo levantamento histórico que aqui nos apresenta, é pena que as pessoas com poderes não façam mais investimento nesta área mas claro dà trabalho e é mais fácil investir no circo e bolos! É pena pois o património histórico é bem mais importante! Abraço parabéns!
Parabens ao Autor(s) sobre esta Divulgaçao da História de Fornelos onde Nasci e de toda a História de Cinfaes. Nunca é Tarde de Sabermos ao Pormenor e conhecermos o nosso Passado.
Um Bem Haja a todos.