“A história de uma casa santa que merece ser contada”

Artigo de João Montenegro

A História de Cinfães é feita de pessoas, mas também de datas evocativas, acontecimentos históricos, momentos que ficam na memória coletiva de um povo e do seu território.

Sou Cinfanense e, por isso, tenho o direito e o dever de me interessar pela história da minha terra. E é também por isso que, com muita regularidade, venho espreitar a página “historiadecinfaes.pt” e fico horas a deliciar-me com o passado da nossa gente e do nosso povo.

Diz o poeta que “…um Povo que não conhece a sua história, jamais terá um futuro…”.

Eu faço por conhecer a história de Cinfães.

E é com esse intuito que relembro aqui hoje umas das mais bonitas histórias da nossa terra.

No passado Domingo, dia 8 de Setembro [de 2023], passei em frente à, sempre linda e icónica Igreja Matriz de Cinfães. Saía da igreja uma multidão de pessoas com um rosto de alegria e satisfação. Tinha sido a missa do 73º aniversário da Santa Casa da Misericórdia de Cinfães. A “multidão de pessoas” eram os utentes e colaboradores desta Instituição, fundamental para a vida dos Cinfanenses.

Não me levem a mal que ocupe as próximas linhas deste texto a falar da Santa Casa da Misericórdia de Cinfaes. Quando nasceu, ou seja, quando foi reconhecida juridicamente: a 8 de Setembro de 1951. Quem foram os seus fundadores, exatamente aqueles que foram os primeiros signatários: Padre Amadeu Maria Cardoso, António Alberto da Costa Araújo, Manuel de Lemos e Padre Adão Pinto Afonso, nomes estes que constituíram uma comissão Instaladora.

O sonho destes fundadores correspondia ao sonho da população e da terra. Construir um Hospital em Cinfães. Um Hospital que pudesse cuidar e tratar dos Cinfanenses, sem que tivessem de ir para outros Concelhos ou para outras regiões.

À vontade do Povo, junta-se a vontade de um homem, Afonso Resende, que em 1954 doa o terreno onde surgiria no futuro o Hospital de Cinfães. Cinco anos depois, em Novembro 1959, a obra é erguida e o sonho é concretizado. Cinfães tem Hospital.

Disse-me o meu padrinho António Alberto da Costa Araújo, um dos fundadores da Santa Casa e membro da Comissão Instaladora, que no dia da inauguração do Hospital, os Cinfanenses saíram todos à rua para celebrar o acontecimento e a população do Concelho organizou-se para um dos mais grandiosos cortejos de oferendas, oferendas essas que também contribuíram para ajudar nos custos desta obra tão desejada.

Uma obra do Povo. Uma obra feita para a população, com o envolvimento de todos os Cinfanenses que puderam contribuir.

Os 73 anos da Misericórdia de Cinfães, cruzam-se com alguns dos acontecimentos mais marcantes da história recente do nosso Concelho. Com o Hospital, vieram os Médicos, os Cirurgiões, os Enfermeiros e a criação de um conjunto vasto de empregos dedicados ao tratamento da saúde da população.
Também eu fui um dos seus utentes. Sim, do antigo e saudoso Hospital de Cinfães. Fui ali operado quando era criança.

Em 1976, mais um marco histórico na história da Instituição e do Concelho: nasceu o Jardim de Infância, primeiro na “casa Além Ribeiro”, depois na “Casa da Tulha”. Esse sítio tão especial que guardo no meu coração e que tenho ténues memórias. Pelas mãos da Professora Maria José Cabral Rêgo, a minha “Prima Pépe”, comecei lá a ter a minha primeira experiência educativa, os meus primeiros amigos, a minha primeira convivência com as outras crianças. Um reconhecimento especial à Professora Maria José Cabral Rêgo, que tanto fez pela educação na nossa terra. Tantas e tantas crianças lhe passaram pela mão. Já era digna do nome de uma Rua em Cinfães.

Mas regresso à linda história da Santa Casa Cinfanense, dos seus feitos e conquistas.
Seguiu-se a abertura do Lar Residencial Maria Emília Rezende, do Centro de Bem Estar e do Centro Infantil, em parte graças ao legado de Afonso de Resende e Maria Emília de Resende.

Mais tarde, em 2012, abriu o Novo Lar de Idosos. E um ano depois, em Setembro de 2013, abriram as portas a nova Unidade de Cuidados Continuados. Precisamente nas instalações do agora antigo Hospital de Cinfães. Um marco muito importante para a nossa terra e para a Região.

Em Julho de 2014, o então Primeiro-Ministro de Portugal Pedro Passos Coelho, visitou a Santa Casa da Misericórdia de Cinfães, contactando com funcionários e utentes. O então Provedor Manuel de Lemos mostrou ao Primeiro-Ministro e ao País o que de melhor existe no apoio social de proximidade. Um trabalho e uma história que nos deve orgulhar a todos. Eu estive lá nesse dia. Fiquei orgulhoso do que vi. Uma instituição virada para o futuro, acompanhando inquérito de melhor se faz na área da saúde e muito bem equipada ao nível das mais variadas instalações.

Neste Domingo próximo, dia 8 de Setembro, também vi o Provedor Jorge Noronha junto dos funcionários, colaboradores e utentes da Santa Casa, na comemoração dos seus 73 anos. E o Provedor, quer pela sua dinâmica, sobriedade, seriedade e espírito de missão, é a pessoa certa para, em representação de toda a comunidade da Santa Casa da Misericórdia de Cinfães, receber os nossos mais sinceros agradecimentos e o mais profundo reconhecimento por tudo aquilo que esta Instituição tem feito pelo nosso Concelho e pela nossa Região.

Ao Provedor Jorge Noronha depositamos também a esperança no futuro. Uma esperança que honrará as mais de sete décadas de história e uma esperança de ver crescer ainda mais um dos pilares do nosso território.

A Santa Casa de Misericórdia de Cinfães tem uma história bonita, feita de pessoas, projetos, obras, ideias e sonhos. Mas tem também um futuro com muita ambição, assente no ideal de fazer mais e melhor pelo nosso povo e pelo nosso território.

Nota do editor: Em breve publicaremos aqui outros materiais para a História da Misericórdia de Cinfães, nomeadamente quanto ao cortejo que o Dr. João Montenegro refere na sua crónica (e a quem agradecemos pela contribuição).

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